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Eu queria vir aqui e fazer um texto que explicasse direito, que desse a idéia completa, uma dimensão do que eu tenho vivido, mas não dá. Não dá pra pensar mais, nem esconder o drama, como eu tenho feito há muito tempo. Não dá pra guardar mais tudo o que está explodindo dentro de mim, nem escolher as palavras que façam isso melhor. É aqui, e agora. Não há pra onde correr. Não há uma grande sacada, como a que eu tenho esperado a tanto tempo, e o mais importante: não há mais ninguém. Sou só eu, sozinho, e uma avenida fria e tortuosa, que até hoje eu não terminei de escrever.
Pode ser que eu não tenha motivos pra isso. Pode até ser que seja tudo coisa da minha cabeça, loucuras, devaneios, mas isso não quer dizer que não sejam reais. Eu me perdi. Mais profundamente do que imaginava, e mais intensamente do que achava. Cansei dos milhões de finais felizes que me perseguem. Cansei de olhar o por do sol e sorrir, cansei de ver o mar e sorrir, de terminar de correr por uma avenida e, novamente, sorrir. Eu não terminei de correr pela minha avenida. Nem nunca vou terminar. Foi uma velha amiga minha que me disse, certa vez, que a gente nunca se encontra. Que a gente só se perde, mais e mais, sem fim. E que se for pra se encontrar, tem de ser mesmo por acaso. Na época essas palavras me machucaram muito, mas agora elas me confortam, em saber que eu não estou sozinho: que não é tudo coisa da minha cabeça, que não é loucura nem alucinação sequer. Sou só eu. Só.
À essa amiga, e à muitos outros é que agora eu tenho que pedir desculpas: Eu vou demorar mais do que imaginei. Agora, só por agora, eu preciso estar por mim mesmo. Preciso cair, e levantar, e cair e levantar sozinho, mesmo sabendo que a qualquer instante, eu tenho sete, sete maravilhosos pares de braços para me abraçar e me reerguer, se um dia eu não aguentar mais. Até lá, vou fazer o possível para que isso não seja preciso: pra que eu ande com as minhas próprias pernas, e volte pra vocês novo. Diferente. Como eu sei que vou ficar a partir de agora. Mas ainda assim, que continuemos juntos, como sempre (desde cerca de dois anos e meio atrás) estivemos.
Eu sei que tudo vai mudar. Eu sei que eu vou mudar. Sei que tudo vai ter um fim. E ainda assim lutar contra o mundo não será tarefa fácil. Nada será como antes. Nem pra mim e nem pra ninguém. Mas isso não me impede de olhar pra frente, encarar as pedras do asfalto e a iluminação fraca que se dispõe na minha frente, e continuar. Da minha maneira. De all-star cano médio ou com o vans que eu comprei. Em cada poça de lama, em cada esquina que eu virar. Com cabelo cortado, comprido ou penteado. Do jeito que for, cá estou eu: Prepare-se, mundo.
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