domingo, 12 de junho de 2011

Dia dos Namorados / Rio

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É, pois é. Mais um dia de namoricos e eu no meu quarto, contando as rugas que tem na minha parede e os carros que passam lá embaixo. Certamente algum com dois namorados, indo ao cinema, ou ao Farol da Barra, ou até mesmo um bom e velho motel, pros mais adiantados.
Mas ao final das contas, não foi tão mal passar o dia sozinho, assim. E eu posso até ter me mordido de vontade de chamar ela pra sairmos só nós dois, ligar pra ela e marcar de irmos ao cinema, e assistir o filme que eu vi meus pais, mas que eu sei, era a nossa cara.
Tudo bem, pode até ser que nós não sejamos cariocas, e também que nós não estejamos presos por uma corrente, e ainda mais que eu já não saiba voar sozinho também. Mas passarinhos nós somos. Você e eu, as ararinhas azuis que viveram separadas a vida inteira, eu calmaria de Minesota, e você na festa que é o Rio, e que se encontraram nem foi bem por acaso, mas que eu já sabia, você era a última da especie.
Porque eu sei, eu gosto de você mais do que eu tenho coragem de adimitir pra mim mesmo, e eu queria ter sido inconsequente e chamado você pra sair hoje mais do que eu gosto de me lembrar também. Mas eu sei que agora não dá. Que não é o momento, e que também nem tem clima direito pra isso. Eu sei que você se apaixona fácil, e eu sei também que não é fácil assim pra você se apaixonar por mim. Porque eu sei, eu sou desleixado, e eu sei, eu falo alto e grito sem parar. Sei que não toco guitarra tão bem quanto o Eric Menezes e também que eu não sei tantas coisas quanto o seu professor de história boa-pinta e galã. Eu sei que eu devo parecer meio tonto às vezes, e também que falo muita besteira sem pensar. Mas eu lhe juro, do fundo do coração que agora bate por você, que na primeira chance eu te tomaria nos braços, e não deixaria cair. Que eu te faria amar, e não sofrer, como pouca gente sabe hoje em dia. Que voaríamos juntos pelos céus - mesmo soteropolitanos - e te mostraria o lugar que eu mais gosto da cidade, e o quanto ele fica melhor com você ali.
E eu sei, a vida parece difícil às vezes. Eu sei que é complicado de agente lidar com uma porrada de coisas, e que nos falta maturidade pra saber agir como tal. Mas eu também sei, que nem sempre é difícil, e que nem sempre é tão complicado, nem tão diferente assim. Eu sei que a vida pode ser simples, numa casa do campo, e complicada num apartamento da cidade. Mas eu também sei que a vida pode ser complicada, numa casa do campo, e simples, num apartamento da cidade. E que pode ser linda em qualquer lugar, contanto que seja no Rio, de uma tela de cinema, ou de um filme de locadora, contanto que seja o seu bico no meu, e a sua pata na minha asa, e a sua traqueia no meu flanco, e o que mais der pra alcançar com o dorso que deus me deu.
E como as duas ararinhas azuis do filme, voando juntas livres, na imensidão azul que é o céu, e na beleza infinita que é o Rio, eu te digo, sorrindo torto e destrambelhado pelo canto da boca: "Feliz dia dos namorados, quem sabe no ano que vêm"

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