domingo, 9 de setembro de 2012

Stuck on the Puzzle

Não sei como começar a escrever aqui, mais uma vez. Em parte porque não sei bem ao certo o que eu quero dizer, em parte porque quero dizer coisas demais, e são todas muito confusas pra que eu possa achar um jeito de explicar elas, até pra mim mesmo. Confusão. Ironicamente talvez seja essa a palavra que melhor explique tudo o que eu tenho pra dizer. Tudo o que eu tenho passado, e que permanece eternamente auto-contido na minha cabeça. E que eu sei que não vai ser agora que eu vou conseguir colocar pra fora. Que eu sei que não vai sair em parágrafos bem organizados e limpos, e que seriam bons de se ler. Mas o que eu quero dizer em si também não é realmente bom de se ler.
Todos os últimos meses eu tenho passado inteiramente auto-contido na minha cabeça. Como se eu tivesse sentado comigo mesmo e decidido resolver todos os empecilhos que atrapalhavam o andar da carruagem. Como se eu tivesse simplesmente me isolado para tentar me entender melhor e me tornar finalmente quem eu sempre quis ser. E é algo que não sai de mim. É algo que há aproximadamente um ano não sai de mim. Eu vivo, eu bebo, eu danço. Eu vou para as festas que gosto e saio com os amigos que amo. Mas quase nunca descanso. Porque eu simplesmente não consigo descansar enquanto eu não entender o que quer que tenha para ser entendido. Eu sinto como se houvesse algo extraordinário, pouco além do alcance dos meus dedos, e que se eu conseguisse me esticar só mais um pouco poderia agarrar. Como que se eu conseguisse a proeza de me tornar elástico por meio segundo, conseguiria, e não haveria mais nada com o que me preocupar. Como o orgasmo que estivesse a um instante de satisfação, e que se você chegasse um pouco mais fundo daria pra sentir. Como a Resposta Final para A Questão Fundamental sobre A Vida, O Universo e Tudo Mais. Como o final feliz de uma trama que já não faz nem mais sentido, mas que explicaria tudo e faria você sair do cinema como quem nunca viu um filme igual.
Mas acontece que eu infelizmente não sou feito de borracha. Acontece que por mais que eu me esforce, o meu braço não é longo o suficiente para alcançar, e eu acabo tendo que recolhe-lo por não mais aguentar mante-lo esticado na mesma posição. Como a impotência fatídica que interrompe o orgasmo. Como se a Resposta Final para A Questão fundamental fosse meramente 42, e não desse satisfação nenhuma pra nada.  Como se o filme travasse perto do final da trama, e todos saíssem do cinema dizendo que desperdiçaram oito reais num filme péssimo, e que nem o final puderam ver. E eu, lanterninha, tentasse trazê-los de volta, enquanto passam por mim sem nem perceber que eu estou ali. Sem nem saber que é a minha história que eles acabaram de assistir, e se soubessem, provavelmente voltariam pra chutar a minha bunda.
Porque o que acontece é que eu estive esse tempo todo numa viagem que durou mais do que era pra durar, porque eu me perdi no meio do caminho e não tenho a menor ideia de pra que lado que eu devo seguir, e já nem me lembro mais do caminho de volta também. E porque não há volta. Porque se houve uma Menina-Que-Se-Botou-Pra-Fora, eu fui o que se colocou pra dentro. Que virou arquipélago, e que passou a viver num conjunto de ilhas habitadas pelos diversos "eu's". Porque todo esse tempo - todo esse maldito tempo -  eu tenho procurado só uma chave pra abrir a minha cabeça, e nada mais. Só uma chave metafórica que fosse a resposta para toda a minha angústia de existir. A verdade por si só, sem vir acompanhada de fingimento nem mentira alguma. O pedaço do espelho em que eu me visse e me reconhecesse, e soubesse que era aquele, e só. Que me completasse e me tirasse daqui pra qualquer lugar em que eu não tenha mais que me preocupar.  A peça do quebra cabeça que é impossível de encaixar, e que te ilude o tempo inteiro achando que é aquela a resposta. Só pra depois perceber que não é. Só pra depois se desiludir e sair de novo procurando sem rumo. Sem direção específica, perdido. Apenas preso no quebra-cabeça.

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