terça-feira, 6 de março de 2012

Eu sinto um tipo de melancolia que é difícil de classificar. Que não é depressão. Que não é nostalgia. Que não é bem-ensaiada, ou talvez só um pouco de cada uma das três. Que eu não sei dizer se é poética, e que só uma parte de mim sabe que é de verdade. Sinto como se eu estivesse me fechando. Como se estivesse deixando de fora os problemas do mundo, e me concentrando demais em mim. Como se eu estivesse me reunindo. Me concentrando nas minhas pequenas coisas e nas poucas músicas que tenho posto pra tocar no rádio. Não sei se isso é bom. Também não sei se é ruim. Talvez também não importe mais. Eu já cheguei até aqui, de que importa então aonde estou? Me sinto instável. Como se qualquer coisa - qualquer cena que me diga algo - pudesse me fragilizar, me desabar, ao mesmo tempo em que eu sei que de mim mesmo eu tiro o meu sustento, e que hora ou outra eu vou me levantar e encarar, mais uma vez, o terrível perigo que se posta em minha frente.
Mas a questão é que simplesmente não é isso o que eu quero agora. Não quero ter que ser forte. Não quero rir, me embebedar ou beijar uma garota qualquer. Queria poder simplesmente olhar o mar e não ficar preocupado se o sol já se pôs, ou se já passam das dez, e ainda por cima vou ter que pegar um ônibus pra ir pra casa. Queria poder me refugiar numa cidade de interior e deixar meu lado caseiro, conservador, religioso se apoderar de mim. Sem ter que me preocupar com os deveres que eu já não me preocupo, ou com as obrigações que eu me obrigo a fazer. Queria estar à seis horas de carro de Salvador e sair pra passear com um alguém sem que uma força maior me impedisse. Queria simplesmente poder me esconder durante mais do que uma noite, e não pensar que uma hora o dia vai ter que nascer. Queria poder passar um tempo, só que e os meus poucos pertences que eu mais me importo, e as poucas músicas que eu tenho ouvido e mostrá-las a você, onde você é qualquer um. Qualquer uma do gênero feminino. Queria ter realmente alguém em quem pensar enquanto escrevo isso tudo, mas ao invés disso só me vem flashes confusos das mesmas poucas pessoas. Talvez aí que esteja a parte da nostalgia nisso tudo. Quando às outras, simplesmente me surge branco quando penso nelas.
Eu sei, eu sei que uma hora terei de enfrentar isso tudo. Sei que uma gora eu terei de enfrentar tudo, de novo. Sei que uma hora chegará o momento de erguer a cabeça, a caneta e, mais uma vez seguir em frente, deixando pra trás tudo que não me cabe mais. Sei disso, assim como também sei de todas as minhas responsabilidades. Como eu sei que agora, ao invés de estar escrevendo aqui, deveria estar aprendendo o que são radiandos para não me atrasar para a aula de amanhã. Mas não importa. Eu ainda assim prefiro estar aqui. Mesmo que só por enquanto.



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