- Patti Smith
segunda-feira, 28 de novembro de 2011
domingo, 20 de novembro de 2011
Álcool e Cigarros, II
"Fazia muito tempo que eu não voltava ali. Flashes invadiam os meus pensamentos a todo o momento, e eu os deixava adentrar a minha mente e se misturarem lá dentro com todo o tipo de substância que eu havia ingerido até então. Sem resistir. Sem criar pra mim mesmo a ilusão de que eu não soubesse que aquilo fosse acontecer. Sem imaginar, por um segundo sequer que eu seria capaz de resistir. Não ali. Não naquela noite, não naquele dia. Não."
"Eu havia me distanciado de onde estava havendo a festa. Para mim era impossível entrar naquela onda. A minha onda é outra. Meus limites são álcool e cigarros, e nada mais. Fora maconha, fora ácido, fora LSD e outra que for. Eu tenho o que eu acredito, e isso eu consigo distinguir diante da visão turva que seja, diante da tonteira e da consciência que se apodera de mim. Eu não me engano. Sei até aonde dá pra ir."
"Evitei me demorar demais ali. Não queria que me perguntassem aonde eu estava, nem porque de ter demorado pra coltar pra a festa. Vivia ali, no escuro e na pressa ao lado da piscina outrora suja as minhas lembranças, os meus devaneios, os restos de loucura que ainda se apoderam de mim, e que se misturam como que por osmose ás substancias que me adentraram ao corpo. Minhas pernas bambeavam. Eu andava torto em direção ao muro que se punha á minha frente. Do outro lado crianças brincavam de esconde-esconde enquanto uma delas tentava argumentar um mal-batido 'salve-todos'. Desejei no íntimo fazer parte da brincadeira, mas pulei o muro e me dirigi de volta á festa á qual havia sumido. Já não queria também me demorar mais ali."
"No caminho, fui tratando de observar: a grama, as casas, as crianças que já haviam voltado a brincar. Sentia nos meus passos os instantes que havia deixado atrás, e tratava de olhar pra frente tentando não perder o foco. Desci a escada, atravessei o resto do gramado que faltava para chegar á porta da casa. A festa se concentrava lá dentro - fora estavam as lembranças dos tempos passados. Respirei fundo e dei uma última olhada no cenário familiar. Observei a linha que dividia a porta de entrada do exterior ao qual me encontrava. Que dividia a nova realidade de um tempo que já passou. Que dividia a minha alma em dois: na vontade de continuar, de seguir reto, de caminhar e não olhar pra trás; e na vontade de voltar e ficar mais um pouquinho, de pedir ao maquinista pra dar marcha ré, mesmo sabendo que trem nenhum anda pra trás. Observei o céu. Poucas estrelas brilhavam devido ás luzes da cidade grande. Fora dali era tudo muito mais simples, com mais estrelas no céu, com mais peixes no mar. Quisera eu que a vida na cidade fosse mais simples, menos corrida, menos atrapalhada. Com um pouco menos de responsabilidade e sem a necessidade de um litro de cachaça pra acompanhar. Olhei novamente o cenário ao meu redor. As meninas haviam parado de brincar de esconde-esconde e haviam ido para suas casas e para seus pais. Não adiantava se esconder. Adentrei a divisória da porta e amanheci no dia seguinte no chão, ao lado de um sofá e com o pé direito doendo."
"Eu havia me distanciado de onde estava havendo a festa. Para mim era impossível entrar naquela onda. A minha onda é outra. Meus limites são álcool e cigarros, e nada mais. Fora maconha, fora ácido, fora LSD e outra que for. Eu tenho o que eu acredito, e isso eu consigo distinguir diante da visão turva que seja, diante da tonteira e da consciência que se apodera de mim. Eu não me engano. Sei até aonde dá pra ir."
"Evitei me demorar demais ali. Não queria que me perguntassem aonde eu estava, nem porque de ter demorado pra coltar pra a festa. Vivia ali, no escuro e na pressa ao lado da piscina outrora suja as minhas lembranças, os meus devaneios, os restos de loucura que ainda se apoderam de mim, e que se misturam como que por osmose ás substancias que me adentraram ao corpo. Minhas pernas bambeavam. Eu andava torto em direção ao muro que se punha á minha frente. Do outro lado crianças brincavam de esconde-esconde enquanto uma delas tentava argumentar um mal-batido 'salve-todos'. Desejei no íntimo fazer parte da brincadeira, mas pulei o muro e me dirigi de volta á festa á qual havia sumido. Já não queria também me demorar mais ali."
"No caminho, fui tratando de observar: a grama, as casas, as crianças que já haviam voltado a brincar. Sentia nos meus passos os instantes que havia deixado atrás, e tratava de olhar pra frente tentando não perder o foco. Desci a escada, atravessei o resto do gramado que faltava para chegar á porta da casa. A festa se concentrava lá dentro - fora estavam as lembranças dos tempos passados. Respirei fundo e dei uma última olhada no cenário familiar. Observei a linha que dividia a porta de entrada do exterior ao qual me encontrava. Que dividia a nova realidade de um tempo que já passou. Que dividia a minha alma em dois: na vontade de continuar, de seguir reto, de caminhar e não olhar pra trás; e na vontade de voltar e ficar mais um pouquinho, de pedir ao maquinista pra dar marcha ré, mesmo sabendo que trem nenhum anda pra trás. Observei o céu. Poucas estrelas brilhavam devido ás luzes da cidade grande. Fora dali era tudo muito mais simples, com mais estrelas no céu, com mais peixes no mar. Quisera eu que a vida na cidade fosse mais simples, menos corrida, menos atrapalhada. Com um pouco menos de responsabilidade e sem a necessidade de um litro de cachaça pra acompanhar. Olhei novamente o cenário ao meu redor. As meninas haviam parado de brincar de esconde-esconde e haviam ido para suas casas e para seus pais. Não adiantava se esconder. Adentrei a divisória da porta e amanheci no dia seguinte no chão, ao lado de um sofá e com o pé direito doendo."
- Tirado de "O Inferno de Rum" de Thiago Corneio
sábado, 12 de novembro de 2011
As Relíquias da Morte
Coragem. Afinal essa é a palavra que resume tudo. E talvez eu tenha esperado tanto tempo pra que a inspiração chegasse e eu pudesse, enfim, escrever tudo o que eu tenho pra dizer, que talvez eu tenha até esquecido já tudo o que eu não disse. Só que agora fui eu que cansou de esperar, e decidi dizer, com inspiração ou sem, com poesia ou com a letra garranchosa tudo o que eu não disse, que disse pela metade, por um quarto, com dois meios e um inteiro: Espaçamento pra começar parágrafo; letra maiúscula; umedecer os lábios. É o seguinte:
Não sei se me faço por entender, ou se estou em mais um devaneio louco no meio do mar. Não sei se faço sentido ou se me encontro agora sem sentidos, desacordado, pelo mundo do meu quarto, numa avenida serpeante e assustadora, que nem mais é estrada. Não sei se estou ancorado ou se estou ao mar aberto, não sei se estamos em março ou se já é dezembro, não sei se é mesmo o Rio que eu quero ou se me basta Salvador. Salvador, me salva à dor de te perder! Me salva à angustia de ficar! Me salva a dúvida, por ter dúvida, Salvador, ó Salvador!
Não sei se me faço por entender, mas isso é o mais perto que consigo. A distancia tem me protegido ao longo dos últimos meses. Tem me mimado, me dado carinho, me feito crescer até aonde ela pudesse deixar, até onde eu pudesse me esticar sem soltar a sua mão, me libertando ao mesmo tempo em que me prende, sem me deixar sair dos seus braços para o mundo, para o que há lá fora e que eu sei, me espera. Em cada esquina, em cada avenida escura e tortuosa, em cada abismo sem fim a vida me espera, e lá há sempre uma nova surpresa, um novo desafio, um novo pedaço de terra não explorado, um novo porém que eu não consigo me esticar para agarrar, porque a distancia me prende e eu, mais uma vez, concedo.
Mas eu sei que não é assim que funciona. A vida não te mima, não te acaricia antes de dar umas belas porradas na cabeça, não te faz crescer sem entender a dor que isso pode ser, porque afinal, ninguém escolhe crescer. Em cada corredor escuro os lapsos da realidade me atingem, me forçam a enxergar, me fazem impotente diante sexualidade que me pornógrafa, que me masturba insistentemente, mas que não consegue atingir o orgasmo, talvez por incompetência, talvez por imprudência ou por causa de cigarros. Por álcool e cigarros.
E no meio disso tudo, nem mais mesmo Harry Potter conseguiria se manter isento, indiferente, firme como sempre foi. Porque todo mundo pode se dar ao luxo de fraquejar, de cair, chorar e lamentar pelos feridos, pra só depois poder se reerguer, mais firme, mais forte, pronto pra a batalha final, sem mais se intimidar pelo mal que há na sua frente, mesmo que por dentro o medo seja imenso, fulminante, incontrolável e ainda assim amansado. Porque se coragem é a palavra que define tudo, o medo é não o seu correspondente o oposto, mas sim seu irmão. Porque ter coragem afinal de contas é isso: é ter medo, e encará-lo de frente. É olhar nos olhos da fera, é fitá-lo como o adversário poderoso que é, e ir na sua direção sem pernas-bambas, pronto para viver e clamar vitória ou morrer com dignidade. É encarar os domingos, os sábados, as segundas-feiras e todos os dias que sejam. É olhar para o futuro e ver o Cristo Redentor na minha frente, ou observar mais uma vez o Elevador Lacerda no alto. É lembrar do passado com carinho, e viver o presente determinado. É escrever num caderno de couro palavras singelas, e logo depois digitá-las sem medo de perder nelas a magia. É fazer o que agora eu tenho feito e ainda mais, para que depois o sol nasça de novo, e mais uma vez brilhem os meus olhos, como sempre brilharam desde o primeiro momento.
E é bem verdade, que tudo isso eu ainda não consegui trazer pra mim. É bem verdade que a distancia ainda me protege, ainda me liberta e muito mais que ainda me limita. E é bem verdade que eu preciso disso ainda, e mais ainda que até que eu não precise eu ainda tenho muito a fazer. Mas o ano ainda não acabou. As provas finais se aproximam e a recuperação ameaça me tirar tempo, e nada disso tem nada a ver com escola, notas e coisa e tal. É bem verdade que eu preciso desse tempo para me recompor, para transcender as linhas imaginárias que me prendem, para romper com o destino e mais uma vez encontrar-me com Deus, seja ele quem for. Seja a minha consciência, um ser onisciente ou simplesmente eu. Eu preciso me encontrar. Sejam nas estrelas brilhando no céu ou em plutão que me finaliza. Que me mata. Que me faz ir ereto de encontro ao destino, ao desafio, aos olhos cintilantes da serpente que me oscila. Que me muda e me faz ser finalmente
Eu.
Não sei se me faço por entender, ou se estou em mais um devaneio louco no meio do mar. Não sei se faço sentido ou se me encontro agora sem sentidos, desacordado, pelo mundo do meu quarto, numa avenida serpeante e assustadora, que nem mais é estrada. Não sei se estou ancorado ou se estou ao mar aberto, não sei se estamos em março ou se já é dezembro, não sei se é mesmo o Rio que eu quero ou se me basta Salvador. Salvador, me salva à dor de te perder! Me salva à angustia de ficar! Me salva a dúvida, por ter dúvida, Salvador, ó Salvador!
Não sei se me faço por entender, mas isso é o mais perto que consigo. A distancia tem me protegido ao longo dos últimos meses. Tem me mimado, me dado carinho, me feito crescer até aonde ela pudesse deixar, até onde eu pudesse me esticar sem soltar a sua mão, me libertando ao mesmo tempo em que me prende, sem me deixar sair dos seus braços para o mundo, para o que há lá fora e que eu sei, me espera. Em cada esquina, em cada avenida escura e tortuosa, em cada abismo sem fim a vida me espera, e lá há sempre uma nova surpresa, um novo desafio, um novo pedaço de terra não explorado, um novo porém que eu não consigo me esticar para agarrar, porque a distancia me prende e eu, mais uma vez, concedo.
Mas eu sei que não é assim que funciona. A vida não te mima, não te acaricia antes de dar umas belas porradas na cabeça, não te faz crescer sem entender a dor que isso pode ser, porque afinal, ninguém escolhe crescer. Em cada corredor escuro os lapsos da realidade me atingem, me forçam a enxergar, me fazem impotente diante sexualidade que me pornógrafa, que me masturba insistentemente, mas que não consegue atingir o orgasmo, talvez por incompetência, talvez por imprudência ou por causa de cigarros. Por álcool e cigarros.
E no meio disso tudo, nem mais mesmo Harry Potter conseguiria se manter isento, indiferente, firme como sempre foi. Porque todo mundo pode se dar ao luxo de fraquejar, de cair, chorar e lamentar pelos feridos, pra só depois poder se reerguer, mais firme, mais forte, pronto pra a batalha final, sem mais se intimidar pelo mal que há na sua frente, mesmo que por dentro o medo seja imenso, fulminante, incontrolável e ainda assim amansado. Porque se coragem é a palavra que define tudo, o medo é não o seu correspondente o oposto, mas sim seu irmão. Porque ter coragem afinal de contas é isso: é ter medo, e encará-lo de frente. É olhar nos olhos da fera, é fitá-lo como o adversário poderoso que é, e ir na sua direção sem pernas-bambas, pronto para viver e clamar vitória ou morrer com dignidade. É encarar os domingos, os sábados, as segundas-feiras e todos os dias que sejam. É olhar para o futuro e ver o Cristo Redentor na minha frente, ou observar mais uma vez o Elevador Lacerda no alto. É lembrar do passado com carinho, e viver o presente determinado. É escrever num caderno de couro palavras singelas, e logo depois digitá-las sem medo de perder nelas a magia. É fazer o que agora eu tenho feito e ainda mais, para que depois o sol nasça de novo, e mais uma vez brilhem os meus olhos, como sempre brilharam desde o primeiro momento.
E é bem verdade, que tudo isso eu ainda não consegui trazer pra mim. É bem verdade que a distancia ainda me protege, ainda me liberta e muito mais que ainda me limita. E é bem verdade que eu preciso disso ainda, e mais ainda que até que eu não precise eu ainda tenho muito a fazer. Mas o ano ainda não acabou. As provas finais se aproximam e a recuperação ameaça me tirar tempo, e nada disso tem nada a ver com escola, notas e coisa e tal. É bem verdade que eu preciso desse tempo para me recompor, para transcender as linhas imaginárias que me prendem, para romper com o destino e mais uma vez encontrar-me com Deus, seja ele quem for. Seja a minha consciência, um ser onisciente ou simplesmente eu. Eu preciso me encontrar. Sejam nas estrelas brilhando no céu ou em plutão que me finaliza. Que me mata. Que me faz ir ereto de encontro ao destino, ao desafio, aos olhos cintilantes da serpente que me oscila. Que me muda e me faz ser finalmente
Eu.
"Mas ele finalmente entendeu o que Dumbledore estivera tentando lhe dizer. Era, pensou Harry, a diferença entre ser arrastado para a arena e enfrentar uma luta mortal e entrar de cabeça erguida. Alguns diriam, talvez, que a escolha era mínima, mas Dumbledore sabia - e eu também, pensou Harry com súbito orgulho, bem como meus pais - que aí residia toda a diferença do mundo."
"Coragem."
- Tirado de Harry Potter e o Enigma do Príncipe, Capítulo 23, Página 402, Segundo parágrafo.
sexta-feira, 4 de novembro de 2011
Stars - The xx
I can give it all on the first date
I don't have to exist outside this place
And dear know that I can change
But if stars, shouldn't shine
By the very first time
Then dear it's fine, so fine by me
'Cos we can give it time
So much time
With me
By the very first time
Then dear it's fine, so fine by me
'Cos we can give it time
So much time
With me
And I can draw the line on the first date
I'll let you cross it
Let you take every line I've got
When the time gets late
I'll let you cross it
Let you take every line I've got
When the time gets late
But if stars, shouldn't shine
By the very first time
Then dear it's fine, so fine by me
'Cos we can give it time
So much time
With me
By the very first time
Then dear it's fine, so fine by me
'Cos we can give it time
So much time
With me
If you want me
Let me know
Where do you wanna go
No need for talking
I already know
If you want me
Why go
Let me know
Where do you wanna go
No need for talking
I already know
If you want me
Why go
I can give it all on the first date
I don't have to exist outside this place
And dear know that I can change
I don't have to exist outside this place
And dear know that I can change
But if stars, shouldn't shine
By the very first time
Then dear it's fine, so fine by me
'Cos we can give it time
So much time
With me
By the very first time
Then dear it's fine, so fine by me
'Cos we can give it time
So much time
With me
Assinar:
Comentários (Atom)
