Me vejo nos seus textos, camila. Percebi isso hoje, ao mesmo tempo em que percebi que sentia a falta deles. Há tempos que, como você, não riscava num papel, só pelo simples medo de ser bobo. Pelo simples medo de não agradar. Pelo medo de não ser sincero e, pelo simples medo de assim como o meu texto bobo, assim como o meu sonho de ser lobo, assim como a rasura num texto definitivo, perder o que tenho de melhor: O extraordinário. O fantástico. a magia que me sai os dedos, seja digitando ou riscando o papel - medo de perder a mim mesmo. Só agora que eu percebo que, ao exigir o melhor de mim, acabei não me dando nada. Que por ignorar o que de bobo também me sai os dedos, perdi o extraordinário que viria junto. Perdi contos que poderiam ser escritos, canções que poderiam ser compostas, desabafos que foram esquecidos. Tudo pelo simples medo de ser bobo. Sei que alguns destes contos, canções e desabafos nunca vão voltar. Sei que vários deles se foram, na medida em que esnobemente não os escrevi. Sei disso tudo, mas sei também que a vontade é muita e o tempo é pouco, e que, apesar disso, ainda há tempo para ser bobo. Sejamos então bobos. Sejamos Lobos. Sejamos bons ou sejamos maus. Sejamos o que somos, o que não fomos e o que seremos, serenos. Sejamos poucos, loucos e apaixonados. Sejamos insignificantes e virtuosos. Sejamos papas na língua, sejamos mágica nos dedos. Sejamos língua, olhos, boca e o que for. Sejamos o que formos, mas antes de mais nada: sejamos bobos.
Carinhos,
Rumpelstiltiskin
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