sábado, 20 de novembro de 2010

o simples começo do caderno de couro (de muito tempo atrás, vindo de uma gaveta)

Pelo chão do meu quarto, sim.
Meus queridos e minhas queridas, escrevo a todos vocês, fazendo votos de que melhorem e apenas por lhes dizer o que protelei por tanto tempo para lhes dizer: sim.

Pelo mesmo chão que outrora rolamos eu e você, enquanto ouvíamos as mesmas velhas músicas daquela história que agente tanto gosta, e rindo-nos de nós mesmos e as belezas que foi o nosso amor, sim. Pelo mesmo chão em que fantasiei por tardes afora, pelo mesmo chão que eu chorei por noites adentro.Pelo mesmo chão em que vivemos, crescemos, casamos, tivemos filhos e mais tarde, netos. Pelo mesmo chão que envelheci sozinho e te deixei ainda novinha, pelo mesmo chão que eu morri. deixando lágrimas e afins, e lutos envolta do meu leito. Mas principalmente pelo mesmo chão que, dessa vez agora, me espero por nascer mais uma vez de dentro de mim mesmo assim, em meio às páginas derramadas daquela velha gaveta maluca, e daquele antigo pobre coração do meu velho eu que se foi.
Pelo chão do meu quarto que eu escrevo agora outras tantas notas, poesias e papeis de carta sem endereço nem caixa postal. Pelo chão dos meus quartos, meus queridos e principalmente, minha querida, é que eu escrevo a vocês para declarar o novo eu que está por nascer, só esperando que as trombetas desse novo mundo toquem juntas para coroarem, ao mesmo tempo, rei e rainha dessa nova terra fabulosa. Reis que juntos rolarão como crianças aqui também, ouvindo musicas de suas próprias histórias e chorando novas lágrimas, lavando todos os restos de sujeira e feridas abertas que as antigas deixaram por expostas.
E assim, meus queridos e mais uma vez principalmente, minha querida, que anuncio agora a hora da chegada com alegria e estusiasmo, assim como antes anunciei com tristeza e melancolia a hora da partida. Anuncio a hora da chegada e lhes digo se a saudade apertar e não quiser esperar até lá, que se quiserem me ver por agora, basta ir ao chão do meu quarto. Basta ir ao chão do meu quarto, e rolar.


Pelo eu e pelo você de tantos tempos atrás,
Rumpelstiltilskin.